sexta-feira, outubro 19, 2007

Uma lágrima...



Uma LÁGRIMA...
Tantas VIDAS...
Quantas PALMAS ESTENDIDAS...
Uma LÁGRIMA...
Quantas VIDAS...
Tantas ALMAS TÃO SÓZINHAS...
Uma LÁGRIMA...
Muitas VIDAS...
Em ruelas TÃO PERDIDAS...
Uma LÁGRIMA...
VIDAS...MAIS VIDAS...
Se estendem ESQUECIDAS...

No olhar..."O VAZIO"
Na fome..."A PERDIÇÃO"
No rosto..."O FRIO"
Num mundo..."SEM VISÃO"

Resignados de TAL SORTE,
Não esperam, nem reclamam,
São os anjos da MORTE...
que por vezes os CHAMAM!

Nos "Paços do Concelho"
Empoleirados ELES estão,
Desde sempre, se ESQUECEM,
Das VIDAS que SE VÃO...

Um só dia lembrados,
Outro dia esquecidos,
Mais um ano esquecidos,
Mais um ano lembrados...

UMA LÁGRIMA...POR TODOS ELES E POR TODOS NÓS!


(autoria: Paula Chorão)

2 comentários:

Orlando Gonçalves disse...

Não tenho jeito para escrever poemas nem prosa, mas tu tens. As palavras escritas são bem mais marcantes do que aquelas que são ditas da boca para fora, tirando as dos poetas, eles sim sabem de uma maneira mágica, encantarnos com as suas. Tu também me encantas. Dizes uma coisa que para mim me tocou, muito - os que sofrem estão á espera do anjo que os leve para a tão desejada morte, sim porque para muitos deles, dos esquecidos, a morte é bem melhor porque ai obtêm a tranquilidade e a paz que tanto gostariam de alcançar aqui na terra. Por isso uma lágrima não é o bastante, será precisso um oceano inteiro de lágrimas para que no mundo exista mais justiça, mais amor e mais paz. Coloco aqui um poema, não meu, claro está mas de um autor que gosto muito. Sempre gostei deste poema, retrata um pouco do amor dos pobres.


Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

Eugénio de Andrade

Paula Chorão disse...

Simplesmente divinal, é claro que, os meus poemas não chegam aos calcanhares deste, mas como não sou poetiza (mas gostava de ser), sou uma simples sonhadora, que vive os pensamentos, os encantos/desencantos do mundo, os sonhos...através da palavra escrita, que a meu ver tem muito mais impacto.

A lágrima a que me refiro não é numérica, mas sim um símbolo de tristeza, e uma só lágrima pode ter mais sentimento, mais mágoa do que um oceano de lágrimas, ou até nem haver lágrimas e o sentimento ser profundo e vice-versa.