"Esopo" foi uma personagem lendária quase mítica do século VI a.C. (foi citado por Aristófanes, Platão, além de diversos filósofos e autores gregos. Sabe-se que ele foi um escravo libertado pelo seu último senhor, Xanto. Embora tivesse uma aparência estranha - consta que era corcunda - possuía o dom da palavra e a habilidade de contar histórias onde os personagens eram animais, das quais se retirava valores morais e sociais. Já no século V a.C., as fábulas de Esopo eram editadas e citadas por vários autores.
Fabulista da época dos imperadores Tibério e Calígula, nos primeiros séculos da era cristã, e seguidor de "Esopo", "Fedro" fez a sátira dos costumes e personagens da época. Por isso, com o grande incômodo que causaram as suas críticas, acabou sendo exilado. Nesta época, com a morte de Augusto, em 14 d.C., e a ascenção de Tibério, a monarquia tornou-se um verdadeiro despotismo, sufocando toda a aspiração de literatura e de independência. Publicou cinco livros de fábulas esópicas, com prováveis alusões aos acontecimentos de sua vida.
«A raposa e o cacho de uva»
Forçada pela fome, uma raposa tentava
apanhar um cacho de uva numa alta videira,
saltando com todas as forças;
Como não conseguisse alcançá-lo, disse, afastando-se:
"Ainda não estão maduras; não quero apanhá-las verdes".
"LA FONTAINE"
Francês de origem burguesa, nascido na região de Champagne, foi autor de contos, poemas, máximas, mas com as fábulas ganhou notoriedade mundial. Resgatando fábulas do grego Esopo (século VI a. C.) e do romano Fedro (século I d. C.), os textos de La Fontaine não apresentam grande originalidade temática, mas recebem um tempero de fina ironia.
"O Leão e o Rato" é uma fábula, primeiramente contada por "Esopo", e recontada por "La Fontaine".
«O leão e o rato»
Certo dia, o leão caiu numa armadilha, rugiu e fez esforço para dela escapar. Tudo em vão. Apareceu então o rato, e começou calmamente a roer as cordas da armadilha, finalmente libertando o seu benfeitor, e assim pagando a dívida.
O autor francês não só tornou mais actuais as fábulas de Esopo, como também criou suas próprias, de entre elas "A cigarra e a formiga", assim como a seguinte:
«O lobo e a cegonha»
Um lobo devorou a sua caça tão depressa, com tanto apetite, que acabou ficando com um osso entalado na garganta. Cheio de dor, o lobo começou a correr de um lado para o outro soltando uivos, e ofereceu uma bela recompensa para quem tirasse o osso da sua garganta. Com pena do lobo e com vontade de ganhar o dinheiro, uma cegonha resolveu enfrentar o perigo. Depois de tirar o osso, quis saber onde estava a recompensa que o lobo tinha prometido.
- Recompensa? – berrou o lobo. – Mas que cegonha pedinchona! Que recompensa, que nada! Você enfiou a cabeça na minha boca e em vez de lhe arrancar a sua cabeça com uma dentada, deixei que você a tirasse lá de dentro sem um arranhãozinho. Você não acha que tem muita sorte, seu bicho insolente! Desapareça daqui e tome cuidado para nunca mais chegar perto de minhas garras!
CHRISTIAN FURCHTEGOTT GELLERT
Nascido no primeiro quartel do século XVII, de origem humilde, filho de um pastor luterano de numerosa família. É uma das figuras mais representativas da fase intermédia do "Iluminismo" no território alemão.
A título de curiosidade registe-se que foi um dos poucos escritores alemães reconhecidos pelo rei letrado e francófono - Frederico II da Prússia. Tendo-lhe este perguntado se lera La Fontaine, Gellert respondeu, sem subterfúgios - «Eu sou um original».
«O pintassilgo», uma das fábulas mais simples e características do fabulário de "Gellert".
Na Alemanha, "Gotthold Ephraim Lessing" reagiu contra o que julgava ser uma excessiva literarização dos imitadores de La Fontaine. Em Fábulas (1759), apresenta importante monografia introdutória em que rejeita como perversões do gênero as elaborações literárias adoptadas a partir de "Fedro". «O macaco e a raposa»
"Descreva-me um animal tão inteligente, a quem eu nunca poderia copiar!" Assim vangloriou-se o macaco contra a raposa. Porém, a raposa respondeu: "E você, diga-me qual o animal mais desprezível que poderia pensar em lhe copiar."
Escritores da minha nação, devo ser mais explícito?
"Gotthold Eprahim Lessing"
Sentado no seu trono de ossos, o leão
pensava em escravidão e morte,
Passou por ele um ouriço agarrado ao chão;
O déspota urrou: «Ah verme de má sorte!»,
E filou-o com a garra afiada;
«De um só trago sou capaz de engolir!»
E o ouriço: «Tu engoles-me em menos de nada;
Mas digerir-me é que não vais conseguir.»
Gottlieb Konrad Pfeffel
«Estamos satisfeitos!»
No aniversário de uma jovem águia o Rei Águia ofereceu à família um grande banquete, e convidou todas as legiões aladas para esta festa. Milhares de pássaros assistiam respeitosamente ao banquete, admiravam a opulência das iguarias e ainda mais a heróica capacidade digestiva do Rei.
Em língua portuguesa, a prática do gênero foi esporádica e não há nomes de grandes fabulistas. Depois de Bocage, Garrett publicou um volume de Fábulas e contos (1853), e, no século XX, surgiram as Fábulas (1955) de Cabral do Nascimento.
Por fim, deixo-vos aqui alguns pensamentos seleccionados por mim, para vos fazer reflectir...
"Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade."
(Esopo)
"Viva como você gostaria de ter vivido quando estiver morrendo." (Gellert)
verdadeira desgraça, nada mais é que um verdadeiro bem para seu aperfeiçoamento moral".
(Sócrates)
"Procura ajudar o próximo. Se não fores capaz, então não faças mal aos outros." (Dalai Lama)
"Perder o entusiasmo provoca rugas na alma." (Samuel Ullman)
"A Humanidade deverá pôr um termo à guerra, ou a guerra irá pôr um termo à Humanidade."
(John Fitzgerald Kennedy)
"Os que menos sabem governar-se são os que mais ambicionam governar os outros."
(Marquês de Maricá)
"A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade."
(Arthur Schopenhauer)
"As injurias são as razões dos que não têm razão."
(Jean-Jacques Rousseau)
"Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão."
(Benjamin Franklin)
"Aprende, como uma das tuas primeiras obrigações, a dominar-te a ti mesmo."
(Pitágoras)
"No momento em que realmente nos decidimos, então o universo começa a agir também.
Todo tipo de coisa começa a ocorrer - coisas que não ocorreriam normalmente, mas que acontecem porque você tomou a decisão.
Uma série de eventos flui dessa decisão, levantando a nosso favor todo tipo de imprevistos, encontros e assistência material que nenhuma pessoa no mundo poderia planejar que ocorresse na sua vida.
Seja lá o que você possa fazer, ou tenha o sonho de fazer - comece.
O arrojo tem dentro de si inteligência, poder e mágica.
Então comece agora". (Goethe)
"Nunca desesperes face às mais sombrias aflições de tua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda."
(Provérbio chinês)
2 comentários:
Muito obrigada pela explicação. Fiquei a saber mais sobre as fábulas e muito me agradou saber que representavam na sua altura formas que os autores tinham para colocarem em foco as injustiças socias e darem uma certa moral a quem as lia. Por isso mesmo muitos foram incompreendidos no seu tempo pela gente que mandava, pelos senhores do poder. Infelizmente ainda hoje se passa o mesmo. Por isso a história vai se repetindo ao longo de décadas, os homens nunca mais aprendem com os erros do passado.
Muito obrigada pelos esclarecimentos e pelas informações aqui expostas.
Um Beijo Paulinha
Orlando
É interessante e realmente muitas vezes não entendemos a verdadeira origem de determinada fábula.
Quanto aos homens aprenderem com os seus erros, pois Orlando, isso é cada vez mais difícil nos tempos que correm. Normalmente só aprendem quando acontecem verdadeiras desgraças, como guerras ou catástrofes, o que ninguém no seu perfeito juizo deseja ... por isso vamos continuar a viver com a sociedade cada vez mais mesquinha que temos ... (mas não é só cá ...)
São
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